31.8.15

Diário de Bordos - Porto, 31-08-2015

 Adormeci e fui parar a Famalicão. Pelo menos cheguei directamente a S. Bento, uma hora e meia depois do previsto e onze euros mais caro do que o que poderia ter pago. Outra vantagem: prefiro um comboio em movimento a uma esplanada, ainda que seja ao lado da estação, bonita a luz do fim do dia, agradável a temperatura, bom o vinho verde e linda a empregada (uma - soube-o mais tarde - lituaniana alta, magra, loira e sorridente. Conjunto que raramente falha numa mulher).

O restaurante chama-se Tapabento. Já foi uma tasca; agora não é (mas tem uma à esquerda e outra à direita). Parece bom. Na mesa atrás de mim está um casal francês que vive na Guadeloupe e um senhor inglês agora residente na Tailândia (não sou curioso e sou surdo, mas a esplanada é pequena e o senhor francês fala alto). Todos deliciados com as tapas que comem.

Não percebo por que raio de carga de água chamam tapas aos petiscos, mas enfim.

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Belíssima imagem do Porto, de resto. Mudou muito e em tudo menos no essencial.

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Aveiro também mudou, mas estive pouco tempo lá. gostei de ver os canais arrumados, limpos, cheios de moliceiros a passear turistas.

Salvo dois ou três sítios nada me indicou que já ali vivi um ano. Em 1981 ou 82 é certo:terá havido vida no passado?

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A viagem de Évora a Aveiro faz-se num instante: cinco horas, dois jornais, uma sesta e um lanche medíocre na estação do Oriente.

Não há estação no Universo mais feia e menos prática do que aquela. Talvez seja bonita por fora; fotogénica. Mas o interior é um pesadelo cinzento, opressor. Parece uma teia de aranha desenhada por um aprendiz de Piranesi.

Apesar disso e enquanto como o pior lanche da minha vida ocorre-me que devia escrever um manual sobre a sorte. Ou talvez sobre a inconsciência: só uma ou outra conseguiriam explicar porque me sinto tão feliz, apesar de não ter um tostão.

E não sou daqueles que pensam que o dinheiro não faz a felicidade; faz. Não a compra, o que é diferente.

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Pergunto a mim mesmo se as pessoas que pensam que a saúde é um direito natural e deve ser gratuita trabalham de borla para os médicos, enfermeiros e respectivos auxiliares, hospitais, centros de saúde farmacêuticas e todos os fornecedores de tudo o que a medicina envolve.

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