Isto aconteceu na África do Sul, não me lembro se em Jo'burg se no Cabo. Era uma festa, uma manifestação pública. Lembro-me mal das circunstâncias.
Recordo perfeitamente que estava no hall de um hotel com um tipo pouco mais velho do que eu - eu andaria pelos quarenta e poucos e ele pelos quarenta e meios. Era um gajo grande, de óculos, publicitário. Tinha um sentido de humor fascinante e a repartida rápida dos publicitários. Conheceramo-nos dois ou três dias antes e estávamos frequentemente juntos.
Naquele dia o programa incluía danças tradicionais e o hotel estava cheio de grupos das diferentes etnias que compõem o país, vestidos com os respectivos trajes.
De repente damos de caras com um sujeito enorme, imponente, numa roupa tradicional feita de palha, cores vivas, uma espécie de saia encarnada e montes de colares a cobrir-lhe o peito. Parecia estranho porque estava sozinho, afastado dos restantes membros da sua comitiva. No emaranhado de colares, brincos e múltiplos artefactos que lhe cobriam a cabeça segurava um telefone portátil.
O publicitário olhou para o senhor, olhou para mim e disse-me: "Calling the ancestors".
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.