Viver em dois fusos horários separados por sete horas de diferença já não é fácil. Hoje juntou-se-lhes outro, no meio, brasileiro. Falharam todos, claro. Estou na mesma, só que com menos dinheiro. Menos é uma maneira suave de dizer. Nada de brutalidades.
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Cabo está cheia de anúncios a pedir trabalhadores. Montra sim montra não precisa de empleados con inglés. A época vai começar. Há trinta anos ter-me-ia candidatado, mas hoje já não funciona. Idade, imigração, falta de paciência, outras coisas que fazer...
Em Atenas trabalhei num restaurante. É uma experiência interessante, trabalhar num restaurante num país do qual nem o alfabeto se conhece (mais tarde vim a conseguir pelo menos decifrá-lo, mas já não trabalhava ali).
Aqui pelo menos conheço a língua. Mas servir à mesa por servir à mesa prefiro fazê-lo em Portugal e para mim. É uma coisa de que gosto e faço bem.
Se é que há alguma coisa que faço bem, ideia da qual por vezes duvido seriamente.
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Enfim, olhemos para os lados positivos da situação: há uma luz no fundo do túnel e essa luz chama-se Lisboa. Não devo ter feito muitas coisas erradas nesta vida (nas anteriores fiz de certeza) para ter os amigos que tenho. Há muita gente por esse mundo fora que ajudei quando foi preciso.
E vou continuar. A minha vida nunca será o largo rio tranquilo com o qual sonho há tanto tempo, eu sei. Só queria que as quedas fossem menos brutais. Acho que vou conseguir: deve ser daquelas coisas que basta querer, não é?
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.