A ideia original era "abrir um albergue num sítio onde pudesse estar rodeada por animais" (a piada fácil seria perguntar-lhe porque os quer albergar também. Mas tendo passado tantas noites em albergues deixa de ser piada, passa a primeiro grau). Depois viu como é que os locais [o cenário é Belize] tratam os animais ("são coisas que se compram e vendem, não são parte da família") e a "Mãe Natureza" e o projecto mudou "lijeiramente" (o original inglês está cheio de erros). Agora vai ensinar os nativos a tratar de animais domésticos, construir casas com materiais reciclados e por aí adiante. Como infelizmente os nativos tem de trabalhar para o "grande homem branco" uma parte dos lucros do albergue será para pagar um "salário" (entre aspas porque salário refere-se a trabalho e não a servir de suporte a fantasias) aos que se inscreverem no projecto.
Leio isto e parece-me ler um catálogo da ideologia colonialista do séc. XXI. Está lá tudo: em vez de Cristo a Mãe Natureza, em vez dos infiéis os animais e em vez de roupa para cobrir as partes um salário. No papel de demónio o homem branco, naturalmente. A previsibilidade destes filmes faz parte do programa. O seu público não gosta de surpresas.
Depois desço à terra: afinal o oportunismo sempre se vestiu com as cores do zeitgeist. Se a miúda quisesse viver de difundir a fé cristã - ou, pior ainda - de pura e simplesmente explorar o potencial económico do Belize em seu proveito não encontraria quem a financiasse. Ou então teria de trabalhar, uma maçada.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.