Sendo pela regionalização num plano teórico e dela céptico na prática penso que há uma área de actividade que devia absolutamente ser regionalizada: refiro-me à imprensa televisiva. Em particular à RTP, uma estação de televisão que como todos sabemos está ao serviço do povo.
Imagine-se a abertura do telejornal da região de Miranda do Corvo de hoje: "desembarcou esta manhã na nossa Vila - à segunda tentativa - da camionete proveniente de Coimbra um estrangeiro. Não tinha um estojo de violino (sabe-se lá com quê) nem vestia um fato amarelo. Se ontem deu nas vistas - mal chegou regressou a Coimbra numa ambulância dos Bombeiros - hoje a chegada processou-se normalmente".
[Seguem-se várias entrevistas de rua a pessoas que foram vistas a interagir com o dito estrangeiro.]
A notícia continuaria - as nossas televisões têm uma certa tendência para fazer render o peixe, porque é mais barato - sem mencionar uma só vez uma assimetria fundamental: é que ao estrangeiro interessa muito mais chegar a Mirando do Corvo do que a esta simpática vila tê-lo cá. Primeiro devido ao seu reduzido poder de compra; e segundo porque a visita será breve: uma semana, talvez duas. Pelo menos por agora. Nada impede que daqui a uns meses a estadia seja mais longa.
"Descoberta do país", "calma para escrever" e "exploração do futuro" foram as três principais razões que o estrangeiro não mencionou a ninguém: todos os interlocutores foram unânimes [todos e unânimes na mesma oração? Anda aqui regionalização a mais] em apontar a parcimónia de palavras do senhor, só compensada pela sua extrema jovialidade.
[Ou seja, o gajo fala muito mas não diz nada.]
Imagine-se a abertura do telejornal da região de Miranda do Corvo de hoje: "desembarcou esta manhã na nossa Vila - à segunda tentativa - da camionete proveniente de Coimbra um estrangeiro. Não tinha um estojo de violino (sabe-se lá com quê) nem vestia um fato amarelo. Se ontem deu nas vistas - mal chegou regressou a Coimbra numa ambulância dos Bombeiros - hoje a chegada processou-se normalmente".
[Seguem-se várias entrevistas de rua a pessoas que foram vistas a interagir com o dito estrangeiro.]
A notícia continuaria - as nossas televisões têm uma certa tendência para fazer render o peixe, porque é mais barato - sem mencionar uma só vez uma assimetria fundamental: é que ao estrangeiro interessa muito mais chegar a Mirando do Corvo do que a esta simpática vila tê-lo cá. Primeiro devido ao seu reduzido poder de compra; e segundo porque a visita será breve: uma semana, talvez duas. Pelo menos por agora. Nada impede que daqui a uns meses a estadia seja mais longa.
"Descoberta do país", "calma para escrever" e "exploração do futuro" foram as três principais razões que o estrangeiro não mencionou a ninguém: todos os interlocutores foram unânimes [todos e unânimes na mesma oração? Anda aqui regionalização a mais] em apontar a parcimónia de palavras do senhor, só compensada pela sua extrema jovialidade.
[Ou seja, o gajo fala muito mas não diz nada.]
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.