13.8.17

Diário de Bordos - Milano, Itália, 13-08-2017

A escolha é simples: entre cinco horas no aeroporto de Milão e três e meia na cidade (e o restante nos autocarros de ida e de volta) escolho ir ver o Duomo e as Galerias Vittorio Emanuelli, onde há muitos anos comi os primeiros gelados italianos feitos em Itália (gelados italianos há-os em todo o lado, claro).

Levei um bilhete de desembarque propre en ordre: nos meus confrontos com a estupidez saio sempre a perder. Não quero com isto dizer que seja inteligente; quero dizer que não sei lidar com a estupidez. A mesquinhez, a falta de coluna vertebral, a falta de lealdade são-me infinitamente mais suportáveis: há muitos anos que espero pouco das pessoas. A justiça ou injustiça da vida são-me indiferentes: perdi a fé numa vida depois desta há ainda mais tempo. O mundo é injusto: eis uma verdade irrefutável, que não se pode mudar excepto na cabeça dos beatos e dos que se equivocaram de planeta. Já a estupidez é diferente: não sei, não saberei nunca lidar com ela. Agride-me e não sei defender-me.

Excepto indo visitar o Duomo de Milano, comer numa Trattoria qualquer ali perto - se bem a minha memória de Milão em Agosto seja de uma vasta cidade fantasma. Alguma coisa encontrarei aberta, antes de voltar para Madrid, em cujo aeroporto me esperam mais não sei quantas horas de espera -.

E regresso a Évora, à mulher que amo, à esperança de um dia encontrar forma de embarcar em amador, simples amador, ir para o mar porque preciso dele e não porque preciso de dinheiro.

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Milão é a vasta cidade fantasma de que me lembro. E eu pergunto-me se não serei um vasto fantasma que se passeia dentro de mim.

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