13.8.17

Diário de Bordos - Milano, Itália, 13-08-2017 / II

A ideia era esta: um restaurante barato e simpático (por esta ordem); bom seria um bónus; perto da estação onde vou apanhar o autocarro para o aeroporto; frequentado por locais.

O restaurante Le Chalet corresponde inteiramente a todos os desiderata e vem com o bónus. A decoração tem a ver com o nome; a lista não. O serviço é asiático, não sei de onde. Aliás, até agora só fui servido por senhoras de olhos estreitos e cabelos pretos (ou senhores, mais raramente), com a notável excepção do café Biffi nas Galerias: o empregado era um italiano da idade das pedras que nos rodeavam e tinha a mesma classe.

Que curta foi a passagem por Itália e que pena tenho de não navegar nas Maddalena. Vais voltar, diz o armador. Não acredito, digo eu. Mais uma coisa que fica para a próxima.

Entretanto vou sabendo do que se passa em Charlottesville - pode ser que um dia a malta do politicamente correcto consiga estabelecer relações de causa a efeito, como por exemplo entre o acto sexual e o nascimento de uma criança, apesar do lapso de tempo que separa os dois acontecimentos -.

O almoço termina â hora de ir para o aeroporto, com um Colonel que merece promoção e uma nódoa na T-shirt. Há coisas que não mudam. O mundo reentra nos eixos, as árvores reencaixam no azul do céu, a física das coisas restabelece o seu domínio: o que tem de ser tem muita força; o resto não interessa.

(Não é verdade. Termina um pouco depois da hora de ir para o aeroporto. Pode ser que o avião espere).

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