Passei uma grande parte da minha vida a treinar cegonhas. Ensiná-las a voar mais alto, mais depressa e com maior capacidade de carga. Queria alugá-las a senhoras cujo desejo fosse ter gémeos. Para os treinos usava garrafas de champanhe trazidas não de Paris mas directamente de Champagne, de Reims. A cada voo mais uma, em menos tempo. A coisa deu um resultadão: as últimas viagens já vinham com uma caixa de Magnum cada uma delas (já só tinha três. As outras quinze morreram, umas atropeladas por aviões outras deitadas abaixo por caçadores. Duas morreram de cirrose no fígado. Infelizmente não consegui vendê-los para foie gras. Os produtores sabem distinguir os fígados das cegonhas dos de patos e gansos).
O problema é que não encontrei futuras mamãs que acreditassem que os bebés vêm de Paris no bico de uma cegonha. Eu tinha previsto, forçoso é dizê-lo, a enorme vaga de gémeos que estava para vir. Não contei foi com o cepticismo das pessoas em relação a estas verdades do passado.
Peguei nas cegonhas que sobreviveram e dei uma chaminé a cada uma. Assim podiam fazer os ninhos à vontade. As chaminés estavam à frente do gabinete do ministro do Turismo, que as contratou para fazer fotografias dos ninhos e das crias quando as tivessem. Tornaram-se funcionárias públicas, com aqueles salários de assessor que todos nós conhecemos e ainda davam umas aulas de degustação de champanhes por fora. Ficaram ricas.
Eu fui trabalhar para um jardim zoológico. Comecei nas aves, claro, mas pedi para mudar mal eles (os manda-chuva) tiveram confiança em mim. Fui para os macacos. Fodido por fodido mais vale sê-lo pelos primos. Assim ao menos fica tudo em casa.
Ficava: agora estou reformado. As cegonhas que treinei chatearam-se da função pública e abriram uma empresa de entregas ao domicílio. Às vezes contratam-me para limpar os armazéns. Pagam-me directamente, sem papéis nem IVA nem mais nada. Vai do bico para o bolso.
Agradecem-me muito, são muito gentis comigo, pagam-me na ponta da unha e ainda deixam uma boa gorjeta. Gosto muito delas. Qualquer dia morro.
O problema é que não encontrei futuras mamãs que acreditassem que os bebés vêm de Paris no bico de uma cegonha. Eu tinha previsto, forçoso é dizê-lo, a enorme vaga de gémeos que estava para vir. Não contei foi com o cepticismo das pessoas em relação a estas verdades do passado.
Peguei nas cegonhas que sobreviveram e dei uma chaminé a cada uma. Assim podiam fazer os ninhos à vontade. As chaminés estavam à frente do gabinete do ministro do Turismo, que as contratou para fazer fotografias dos ninhos e das crias quando as tivessem. Tornaram-se funcionárias públicas, com aqueles salários de assessor que todos nós conhecemos e ainda davam umas aulas de degustação de champanhes por fora. Ficaram ricas.
Eu fui trabalhar para um jardim zoológico. Comecei nas aves, claro, mas pedi para mudar mal eles (os manda-chuva) tiveram confiança em mim. Fui para os macacos. Fodido por fodido mais vale sê-lo pelos primos. Assim ao menos fica tudo em casa.
Ficava: agora estou reformado. As cegonhas que treinei chatearam-se da função pública e abriram uma empresa de entregas ao domicílio. Às vezes contratam-me para limpar os armazéns. Pagam-me directamente, sem papéis nem IVA nem mais nada. Vai do bico para o bolso.
Agradecem-me muito, são muito gentis comigo, pagam-me na ponta da unha e ainda deixam uma boa gorjeta. Gosto muito delas. Qualquer dia morro.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.