6.4.19

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 06-04-2019

É óbvio que a história começa com a Carbonara do italiano do mercado, apesar de antes disso ter bebido um vermute no Aurélio e comprado legumes na miúda gira cujo nome desconheço. Responde simplesmente por Princesa quando me dirijo a ela, com um sorriso encantador no canto do olhar, um daqueles sorrisos que dizem "sabes muito, daqui não levas nada mas continua, que eu gosto". É a ela que compro legumes, pimentos, tomate, salsa e só não levo mais porque ela não quer.

Depois continua no stand onde fui comprar a sobreasada para o frango. Vejo várias caixas de Époisses, pergunto à senhora se estão prontos e ela diz-me que não. Na brincadeira, digo-lhe "bem, então volto daqui a duas semanas" e ela responde "te lo guardo, se quieres", eu digo "claro que quiero", ela pergunta-me o nome e eis, senhor, daqui a duas semanas o Époisses estará no ponto.

Antes disso: acabei a Carbonara com uma grappa reserva e um café brasileiro que não conhecia, uma coisa maravilhosa, o rapaz teve o cuidado de baixar a temperatura e a pressão da máquina, é dias destes que por vezes me levam a pensar "Palma é outro planeta e eu fui feito para viver no espaço sideral, não sei, algures num país em que se possa comer carbonara feita com guanciale e sem natas, beber café feito à boa pressão e temperatura porque o rapaz simpatizou comigo e depois vir para casa cozinhar chili con carne e frango de mistela improvisado enquanto se vive, descansado porque algures no mercado há Époisses a amadurecer, Époisses do bom".

Parece um bocado melodramático não é? É e é.

Pouco importa. Estou a preparar a próxima etapa do P., vamos eu e ele para a Costa Brava, por muito que me chateie deixar Palma e é muito.

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Roubaram-me uma burra que nem sequer era minha, era alugada e eu pergunto-me se sou verdadeiramente contra a pena de morte.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.