Lembro-me vagamente do post que hoje "escrevi". Vai entre aspas porque não o escrevi. Ditei-o simplesmente, para aquele bloco-notas interior cujas folhas são feitas de água e vento: eu bem dito e ele mal escreve.
Enfim, ¡qué vaya!, lembro-me do princípio: era um post sobre as cores, o verde, o amarelo e o azul, cores que mantêm entre elas relações profundas (de amizade, claro). O problema é que para se fazer amarelo com o verde precisa-se do encarnado e esse anda ausente, talvez pelas comemorações do feriado que aí vem (para quem vive em Portugal. Nós - emigras, vagabundos, nómadas, o que quiserem chamar-nos - não temos direito a cravos. Não é bem verdade. Estivesse eu em Portugal e trabalharia na mesma, porque não há cravo que chegue aos calcanhares do P.)
Isto é: há. Qualquer cravo chega aos calcanhares do bote e até passa para cima, mas o problema é esse mesmo: é que são tantos que um gajo já nem os vê. É como perguntar a um peixe se ele pensa na água. Duvido.
De maneira fico-me com as cores deste dia de Verão: o azul do mar - não sei porquê, voltou a ficar azul. Até agora andava assim meio tosco, um azul preguiçoso -; o verde da vegetação - esse sei porque ficou tão verde de repente: por causa da água -; e o amarelo do Sol. Era isto. Pode fazer-se verde misturando azul e amarelo, qualquer estudante de pintura sabe, como de resto qualquer botânico: o azul da água e o amarelo do Sol fazem um verde porreiro.
Vi muitos desses verdes, em Quelimane, no Burundi (onde chovia que era uma alegria, aquilo não era bem chuva, era uma fecundação), no Zaire, no Panamá, sei lá... E na Costa Rica, claro. Em Quepos vi a gama toda de verdes ao mesmo tempo, chegámos de madrugada e parecia que Deus se tinha esquecido das outras cores todas, vi uma parede de verdes como nunca mais voltei a ver.
Hoje não, de certeza. Os verdes aqui são mais recatados. Mas a mistura de verde, azul e amarelo estava tão bonita que nem sequer pensei em Quepos, só pensei "isto é tão bonito!", assim mesmo, com ponto de exclamação e tudo.
Isto é tão bonito! É tão bom poder repetir esta frase todos os dias, tantas vezes que "isto" deixa de ser só "isto" e passa a tudo...
.........
Escrevi muito mais coisas, mas o bloco-notas é lixado e não retém um milésimo do que lhe dito todo o dia, todos os dias. Sorte para quem lê, azar para quem escreve.
........
Assim, pela via do prazer, da felicidade e da calma escorrego pelo tempo dentro. Tomara dure até ao fim.
Enfim, ¡qué vaya!, lembro-me do princípio: era um post sobre as cores, o verde, o amarelo e o azul, cores que mantêm entre elas relações profundas (de amizade, claro). O problema é que para se fazer amarelo com o verde precisa-se do encarnado e esse anda ausente, talvez pelas comemorações do feriado que aí vem (para quem vive em Portugal. Nós - emigras, vagabundos, nómadas, o que quiserem chamar-nos - não temos direito a cravos. Não é bem verdade. Estivesse eu em Portugal e trabalharia na mesma, porque não há cravo que chegue aos calcanhares do P.)
Isto é: há. Qualquer cravo chega aos calcanhares do bote e até passa para cima, mas o problema é esse mesmo: é que são tantos que um gajo já nem os vê. É como perguntar a um peixe se ele pensa na água. Duvido.
De maneira fico-me com as cores deste dia de Verão: o azul do mar - não sei porquê, voltou a ficar azul. Até agora andava assim meio tosco, um azul preguiçoso -; o verde da vegetação - esse sei porque ficou tão verde de repente: por causa da água -; e o amarelo do Sol. Era isto. Pode fazer-se verde misturando azul e amarelo, qualquer estudante de pintura sabe, como de resto qualquer botânico: o azul da água e o amarelo do Sol fazem um verde porreiro.
Vi muitos desses verdes, em Quelimane, no Burundi (onde chovia que era uma alegria, aquilo não era bem chuva, era uma fecundação), no Zaire, no Panamá, sei lá... E na Costa Rica, claro. Em Quepos vi a gama toda de verdes ao mesmo tempo, chegámos de madrugada e parecia que Deus se tinha esquecido das outras cores todas, vi uma parede de verdes como nunca mais voltei a ver.
Hoje não, de certeza. Os verdes aqui são mais recatados. Mas a mistura de verde, azul e amarelo estava tão bonita que nem sequer pensei em Quepos, só pensei "isto é tão bonito!", assim mesmo, com ponto de exclamação e tudo.
Isto é tão bonito! É tão bom poder repetir esta frase todos os dias, tantas vezes que "isto" deixa de ser só "isto" e passa a tudo...
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Escrevi muito mais coisas, mas o bloco-notas é lixado e não retém um milésimo do que lhe dito todo o dia, todos os dias. Sorte para quem lê, azar para quem escreve.
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Assim, pela via do prazer, da felicidade e da calma escorrego pelo tempo dentro. Tomara dure até ao fim.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.