27.4.19

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 27-04-2019

De que é feita uma noite em Palma? De uma mistura de vinho tinto, Palo, vermute, hierbas secas, de Sifoneria, Cala Seu, hoje entrou um pouco de cerveja - é raro mas acontece - o medronho da Sandra também entrou definitivamente no circuito, os vermutes (antes) e (agora também) as tapas do Can Rigo, a Bodega Belver, o Moltabarra, a 5ª Puñeta, tudo isso de bicicleta por estas ruas senhoriais. Não esquecer o Ca na Chinchilla, o Antiquari - esquecer este seria como esquecer a mãe num texto sobre a família - a Biblioteca de Babel, o bar Rita, onde hoje comi uma Serranita deliciosa e vi que a miúda do bar (e acessoriamente mulher do patrão) é ainda mais bonita do que eu a recordava e já era muito, da Sifoneria, outra vez, sempre. A U. é daquelas miúdas que um gajo leva ao altar antes de levar ao hotel, tão diferente fisicamente da S. e tão igual no resto, alemã até ao tutano e aqui há tanto tempo... Hoje passei por um sítio simpático, estava uma senhora a tocar guitarra e a cantar com aquela voz que numa mulher faz de mim um bocadinho de manteiga ao sol, parei e sentei-me, estava lá o D,, um baixo que gosto de ouvir. Pedi uma cerveja - hoje a noite incluía-as - e logo a seguir começou uma cena de pancada, muito nada de especial, só uns empurrões mas vim-me embora. Não me apetece estragar a noite com dois idiotas bêbedos à porrada.

E o dia, de que foi o dia feito? Comecei a combinar com o I. a minha próxima ausência, é uma merda que me chateia mas tenho de ir, isto de um gajo tentar respeitar a palavra dada é uma porra, a palavra empobrece, não nos torna mais ricos (isto é um choradinho indecente que para começar não se aplica de todo a este caso e para continuar é irrelevante e só aqui ficaaté à próxima revisão). Daí fui para a marina pôr o plug no esgoto do tanque de águas negras, foram precisos dois mergulhos, a porra da água está fria - já sabia - e o casco já está todo cagado - idem, está ali parado há mais de seis meses - depois fui ao mercado comer pasta e vim para casa dormir a sesta.

De que são feitos as noites e os dias, de que são feitas as horas, de que são feitas as coisas, em itálico por ser demasiado abrangente, este coisas refere-se a tudo o que um gajo faz e não fez, pensa e devia pensar, aos objectos, aos erros - tantos, meu Deus -? De que é feita esta merda toda?

Não faço ideia. Limito-me a percorrê-la, de tão habituado ao cheiro até gosto dele, tento fazer poucos solavancos, o menos possível, é preciso que isto seja fluido e bom.

É, verdade seja dita. É bom.  Confrontados ao real não há pessimismo que ganhe nem tristeza que se justifique.

PS - ou eu me engano muito ou isto vai tudo acabar no Door 13.

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