9.10.19

Dispersas do dia - 08-10-2018

Bar Aduela, Porto.

A mulher fala alto e não é preciso. São duas da manhã, o bar está quase vazio, a música a um nível aceitável. Tem uma camisola branca, cabelos pretos, mamas grandes e redondas que contrastam com o rectilíneo dos braços, finos e cruzados em posições estranhas, que de resto ela muda regularmente. Não devem ser muito confortáveis.

Gosto deste bar, onde vim pela primeira vez com a V. Parece o Marchand de Sable, um café belga ou parisiense, com o soalho de madeira e a clientela de artistas que um dia serão ou nunca foram. A música é uma merda mas não há nada a fazer, excepto talvez adicionar essa mediocridade ao charme do lugar. Tem bom vinho, embora a empregada brasileira não o saiba servir.

Banal, eu sei, a menos que se pense em tudo o que me trouxe aqui. Começou em noventa e três, quando me vi obrigado a fechar a Nauticatur; poucos meses depois fui para o Burundi. Daí até à Casa Comum (o que eu gosto deste nome!) foi um salto; até ao Aduela foram mais dois ou três.

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Se não o podes exprimir, não é exprimível.

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