1.1.20

O prazer no texto

«O autor encara com cepticismo esta crença de que a combinação de temperaturas mornas com nevoeiro e chuva é melhor para a cura da tuberculose que o frio seco da Montanha Mágica de Thomas Mann, mas é possível que o seu cepticismo provenha de razões literárias.»

«... - Hester Johanna é psiquiatra, porque, como já todos terão adivinhado, faz falta a esta narrativa alguém que se dedique a problemas da psique.»

Se, como disse alguém cujo nome não recordo, um bom escritor é aquele que confia na inteligência dos seus leitores, um bom leitor é aquele que se delicia com a inteligência do autor? Ou com esta mistura de inteligência, talento, ironia, justeza, finesse a que alguns chamariam génio e eu chamo Paulo Varela Gomes (o que não exclui o predicado, claro)?  Paulo Varela Gomes não escrevia, burilava narrativas.

Hotel já me tinha deixado abismado; este Passos Perdidos que agora leio leva-me às raízes do prazer da leitura, de que andava tão arredado. Desde The sea, the sea que não me lembro de um arrebatamento destes.

Passos Perdidos, Paulo Varela Gomes, ed. Tinta-da-China, Lisboa 2016.

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