1.1.20

Palavras sentidas

A verdade é que tenho com o frio uma relação de amor-ódio. Três partes de ódio e uma de amor.

Vim a pé do restaurante Faun - bastante aconselhável, de resto - para a Marienplatz, apanhar o comboio que me levará ao hotel.

A temperatura é de um grau abaixo de zero e a esta hora não há sol. As ruas estão frias (e desertas, mas isso é irrelevante) dos dois lados. Chego à estação enregelado, engano-me no sentido do comboio, volto para trás. A zona dos cais não está aquecida; felizmente as esperas são curtas. Ponho-me a escrever enquanto espero: é a minha forma de resistir. As luvas são fraquinhas mas ajudam e sem elas vê-se - sente-se - a diferença... Para escrever tenho de tirar a da mão direita.

Chama-se a isto Palavras sentidas. E breves.

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Fiz os novecentos e cinquenta metros que me separavam da estação a andar depressa: o frio aligeira-nos. Como se nos aliviasse, não é?

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.