14.6.20

Prémio

São seis da manhã e acabo de conhecer uma rapariga giríssima. Dei-lhe o nome de Deveras Brilhante; na realidade chama-se Vera Brilhante. Trabalha em cinema, mas não percebi exactamente o que faz. Talvez seja operadora de câmara, talvez realizadora. Vive perto de Genebra, naquilo a que ali chamam France voisine. É mulata, pequenina, magrinha, tem cabelos pretos compridos e ri-se com facilidade, um riso amplo que lhe envolve os olhos e faz oscilar a cabeleira.

Conheci-a através de um amigo cineasta, um rapaz que encontrei na escola de cinema e desde aí nunca mais vi. Não percebi como é que ele veio parar ao sonho mas agradeço-lhe a boleia no jeep Willys. Só não percebo porque se foi embora e me deixou em casa da Deveras, que não tinha quarto para mim e me disse que podia acabar a noite na cama dela, onde já estava o namorado. "Ele não se importa", explicou-me. Tivemos um diálogo relativamente curto mas intenso, profundo se se considerar que não nos conhecíamos. Foi durante essa conversa que a tratei por Deveras e o apodo ficou.

Não me lembro de como terminou porque acordei (na cama onde durmo habitualmente, sozinho - claro - e onde ontem passei algumas horas bastante penosas, sendo essa a razão - suponho - que levou o meu inconsciente a premiar-me).

Se é que se pode chamar prémio a isto.

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