1.11.20

Carta aos media

Exmos senhores,

Somos dois telespectadores atentos e interessados pela actualidade. Sobretudo, naturalmente, a parte desta que respeita ao vírus Sars-CoV-2, à Covid, à crise que esta provocou, às respostas dos diferentes governos.

Infelizmente, sentimos que a comunicação social fornece aos seus clientes – leitores, ouvintes, espectadores – uma informação parcial, insuficiente, enviesada e insiste demasiado sobre o discurso catastrofista da questão, sem lhes dar ferramentas que lhes permitam construir uma opinião fundada.

Com efeito e a título de exemplo:

- Mencionam frequentemente o número de «casos» sem nunca dizer quantos desses «casos» podem ser falsos positivos. Não lhes pedimos que expliquem o teorema de Bayes nos telejornais, mas uma menção simples às probabilidades de que nem todos os casos positivos o sejam realmente não seria despicienda;

- Outra menção frequente: os casos em UCI. Isto deveria ser alvo de informação mais elaborada. Qual a percentagem de leitos UCI que está ocupada? Como tem variado essa percentagem ao longo dos anos? Estamos muito longe dessa média? 

- Os óbitos: indicam o número de óbitos, mas nada dizem sobre as idades e as co-morbilidades dos defuntos. Pensamos que essa informação é relevante, tanto mais que se sabe que a atribuição de «Covid» à causa do óbito releva de umaa decisão administrativa e não clínica;

- E alhures? Sentimos que só há informação sobre um número limitado de países, mas nada nos é dito sobre países que tentaram uma abordagem diferente. Uma informação mais vasta geograficamente e profunda de um ponto de vista do tratamento dos dados seria, pensamos, extremamente útil ao vosso mercado (que talvez retribuísse  o serviço comprando, consumindo e respeitando mais a comunicação social);

- As máscaras são verdadeiramente úteis? Há consenso na comunidade científica a esse respeito? Como variam os «casos» e os óbitos nos países menos estritos na imposição do uso de mascaras? Como variaram os casos naqueles que as impuseram bastante cedo?

- Por fim: há cientistas que têm um discurso diferente? Ioannidis, Wittkowsky, Levitt, Gupta e tantos outros nunca são mencionados nas vossas peças. Mais um vez, os V. clientes apreciariam decerto ter uma panorâmica mais ampla do tema.

Há todo um vastíssimo campo de informações que os órgãos de comunicação social não laboram. Perguntamo-nos porquê e – sobretudo – se não seria uma questão de responsabilidade social, tema tão querido dos media – fazê-lo.

Quanto mais completa for a informação mais benéfica ela será, para todos. Não se trata de transformar as notícias em aulas de estatística médica, mas simplesmente de nos fornecer, a nós consumidores de notícias, ferramentas para reflexão e para podermos construir as nossas opiniões.

Esperando uma resposta, atentamente,

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.