Vivia numa bolha de solidão que de vez em quando era furada. Nunca se esvaziava: simplesmente alguém entrava nela e ali ficava até descobrir que a bolha era impenetrável e que na verdade estava do lado de fora. E se por qualquer razão conseguia entrar era ele que a expulsava: na bolha só havia lugar para um.
Assim foi passando os anos, como se desse ao mundo a volta num barco a remos: devagar, laboriosamente, contrariando os elementos. "A solidão constrói-se", pensava a cada remada. "Estar sozinho é mais trabalhoso do que estar acompanhado."
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.