22.6.22

Diário de Bordos - Puerto Banús, Andaluzia, Espanha, 22-06-2022

 A marina de Puerto Banús é daquelas que evito desde que pela primeira vez aqui pus os pés. lá para os idos de setenta e quatro ou cinco. Naquela altura ainda estava em construção, passei aqui de raspão quase de madrugada, paguei um café e uma torrada a um preço que me fez sobressaltar e ficou gravado para sempre. Hoje está pronta e continuo a evitá-la: a música nos cafés é abominável, os preços disparatados - até para quem acaba de chegar de Genebra - as lojas do mais pedante e nulo que se pode encontrar. O parque automóvel não me entusiasma por aí além - Ferrari, Jaguar, Bentley e Range Rover, Lexus, Porsche e Mercedes. Estranhamente não há mega-iates - nem tudo pode ser mau: os barcos maiores oscilam entre os setenta e os noventa pés. É uma marina para quem prefere ser visto de carro. (Não ha espaço nem fundos para maiores do que isso.)

Hoje, porém, encontrei mais uma razão para continuar a evitar pôr aqui os pés: os duches são do pior que já vi. Horríveis. Assim que de repente me lembre não me vem à memória marina nenhuma onde os duches sejam a) tão maus e b) tão desfasados do resto. De certa forma compreende-se: quem pode ir de Ferrari para casa não precisa de duches em condições. 

Isto tudo dito: se tudo correr como eu quero, esta não será nem de longe a última vez que virei aqui. Espero que haja muitas mais, na verdade: quero introduzir mais motor no meu mix de navegações e este é o local ideal para isso.

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Um obrigado especial à tripulação da easyJet que se está a marimbar na obrigação do porte de focinheira. No aeroporto de Genebra gastei dois euros e qualquer coisa a comprar aquelas coisas - para nada. Nem da embalagem as tirei. Nunca gastei dinheiro para nada com tanto gosto. Venham mais cinco, que eu pago já.

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Enchi o papo com o meu neto, mas isto é como o dinheiro para um rico ou a droga para um tóxico-dependente: quanto mais se tem mais quer. Já estou cheio de saudades e ainda ontem estive com ele.

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Está de poniente e não dá nem para pensar em sair. A última vez que esperei pelo fim de um passei uma semana em La Linea. Espero vivamente que este demore menos. Dia um de Julho tenho de estar em Palma (o que eu gosto destes «tenho de» não tem descrição. Tudo o que me faz rir é bom). O bote é pequeno, um trinta e seis pés e com os vinte vinte e cinco nós de vento que estão ali fora, só me resta praguejar contra estes cafés de merda, estas lojas bling bling e contra o facto de que afinal não vou assar quatro dias sozinho: o barco não tem o piloto instalado e até Alicante tenho de levar um tripulante. Vai ser o A., que veio comigo das BVI, é adorável e sabe fazer leme. Espero.

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