O dia começou às oito e quarenta e cinco da manhã e terminou às nove e quarenta e cinco da noite. (Gosto desta coincidência dos minutos, facilita as contas a quem as quiser fazer.) Terminou não é bem o verbo: foi deixado, abandonado, fugido. Amanhã ainda tenho de fazer a limpeza do interior. Graças a Deus o bote é minúsculo, aquilo faz-se num instante. Fico sempre comovido com as pessoas que ao ver as fotografias dos barcos ou dos sítios por onde passo me invejam o trabalho. Se soubessem o que vem depois ou atrás dessas fotografias pensariam decerto duas vezes.
Fico comovido e ao mesmo tempo reconheço-lhes a razão: até eu invejo o meu trabalho e conheço-o do direito e do avesso.
Começámos por fundear em Es Trenc, dali fomos almoçar ao Playa, en Colonia de San Jordi - para mim um dos melhores restaurantes da ilha - e depois a senhora (jovem e mais bonita do que devia ser permitido na embarcação de um pobre capitão solitário e longe de casa) qui ir ver as calas da costa leste. Parámos em Cala Figueras, que é um simples encanto. O regresso foi feito sem paragens nem desvios: duas horas.
Amanhã o programa é Sant Elm, Es Raor e um jantar a bordo feito pela supra mencionada jovem. Que além de ser bela e jovem - duas coisas de que não é culpada - é adorável, simpática, nada a ver com a trophy wife habitual. Como não invejar-me o labor?
Vim muitas vezes aqui, durante o confinamento, o homem deixava-me comer cá dentro, escondido num canto. Tenho uma indescritível raiva aos filhos da mãe do futuro que se vão fartar de rir à custa das «medidas». Se tivessem sido obrigados a vivê-las rir-se-iam menos.
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E por hoje é tudo, parece-me. Não é muito, mas é o que há. Dias e famílias felizes têm isto em comum. Não é só às famílias que a felicidade limita a narrativa.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.