Não sou, por assim dizer, um grande fã da modernidade. Reconheço-lhe a inevitabilidade, claro; e algumas qualidades: o GPS, por exemplo. O S/Y MALTESE FALCON, que é uma das descrições de obra-prima moderna; os motores marítimos que já não avariam ao primeiro canto da segunda vaga. Reconheço, também, que estamos na fase descendente de um pêndulo gigantesco, o qual voltará, sem dúvida, a subir. Aquela lei da física segundo a qual a qualquer acção corresponde uma reacção não desapareceu. O movimento descendente do pêndulo provocará, sem dúvida, uma movimento equivalente no outro sentido.
Isto dito, há coisas na modernidade que me custam a aceitar e uma delas é este retorno à religiosidade, ou melhor: à atitude religiosa. A ausência de razão é vista como uma virtude. A crença, o sentimento, a emoção valem de per se. «Se eu estou zangado tenho forçosamente razão». «Se tu te enganaste foi por maldade, porque és isto ou aquilo». «Enganar-se é um pecado mortal (já não há pecados veniais, ninguém sabe o que são. Os pecados ou são mortais ou não são pecados)».
Isto dito, a modernidade foi feita por nós, pela minha geração. Acusar os mais novos deve acabar. Já.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.