Os sessenta e cinco anos - ou melhor, a entrada neles - está quase para trás. Hoje tenho o jantar de família e a coisa fica resolvida. É uma idade propícia a pensamentos vários, vastas emoções, algumas espreitadelas ao retrovisor, balanço de dúvidas e certezas (são mais aquelas do que estas), um olhar para o futuro que me resta. Infelizmente pus o vinho tinto no frigorífico e com ele a esta temperatura nesta temperatura não consigo resolver nada disso. Para o ano haverá mais.
.........
Isto dito, a nossa geração não tem muito de que se orgulhar da merda de mundo que deixa à próxima. O relativismo saiu-nos pela culatra, como não podia deixar de ser e só gerou wokismos, parvoíces, cedências ao zeitgeist. Hoje foi a vez da universidade de Genebra: vai mudar o nome de um dos seus edifícios porque o senhor de quem tem a designação - um botanista do século XIX - «tinha opiniões racistas e sexistas». Não põe em causa, note-se, «o importante contributo de Carl Vogt para a ciência». O reitor da Universidade tem mais dois anos do que eu. Não foi ele quem tomou a decisão, é preciso dizê-lo - foi uma vasta consulta, à maneira suiça. É um pormenor, claro, minúsculo e só não é completamente irrelevante porque a universidade de Genebra é uma das melhores do mundo (cento e um num ranking qualquer, não sei se válido ou não). Pouco importa a universidade, de qualquer foma. Importa, sso sim, que somos nós, a geração que nasceu nos anos cinquenta e sessenta, quem endossa estas palermices.
Um dia o pêndulo voltará atrás, eu sei; infelizmente, não estarei cá para o ver.
(Cont.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.