Genebra é um turbilhão que roda em torno de um eixo e leva para um lado os ventos do passado enquanto do outro traz os do futuro. Estou na Plage, um café que abriu enquanto eu trabalhava no Marchand. Nenhuma ou muito poucas das pessoas que está aqui era nascida em 1985, útimo ano em que trabalhei ali ao lado. Vim a Carouge porque quero organizar uma exposição das fotografias de Genebra e fui falar a uma espécie de galeria que fica no sítio onde há mais de vinte anos organizei a minha primeira exposição (vendi uma fotografia. Pergunto-me se não ganharei mais fazendo postais). A senhora ficou de me dar uma resposta, sinal seguro de que terei de continuar a procurar. Domingo vou estar com o L., que até herdar a fortuna do pai era fotógrafo aqui e dos bons. Talvez me dê algumas dicas.
31.3.23
Diário de Bordos - Genebra, Suíça, 31-03-2023
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O eixo deste turbilhão é a S. Ou melhor, a amizade que nos liga. A analogia do vinho que melhora com a idade não é correcta: um vinho velho continua vinho. O que nos une agora não é o amor que nos uniu. É diferente. É amizade e é em torno desta que tudo roda, como num ciclone: forças centrífugas, forças centrípetas, ventos que nos afastam do centro ou para ele nos levam.
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O café está desagradável, barulhento e com uma música que não me agrada. A esta hora a idade média da clientela subiu ligeiramente, apesar de continuar largamente inferior aos quarenta. Há uma idade para tudo e a minha, para este tipo de sítios, já passou. (A empregada é linda, mas pronto, isso faz parte das coisas que nunca mudarão em Genebra.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.