29.4.23

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 29-04-2023

Que dia! Só me apetece beber rum e comprar roupa de linho, duas coisas que já fiz mas em quantidades notoriamente insuficientes. Além disso, esqueci-me de ir à Zara buscar a almofada que lá está reservada - mas não paga. Pode reservar-se mas não se pode pagar.

Palma está impossivel. É fim de semana e os city breakers inundam a San Miquel, a Sindicat e as outras todas por onde costumam andar. Ainda por cima, segunda é feriado. Penso como será isto no Verão, se agora já não se pode circular de bicicleta em metade das ruas.

Que se lixe. Vou passar o fim-de-semana a Dublin, ver o V. e conhecer a cidade. Com sorte, ainda irei buscar a almofada e beber mais um rum. Deixo a roupa de linho para depois. Comprei um casaco e um par de calças, deve ser suficiente até daqui a dez anos. Há demasiado barulho em todo o lado.

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Fui à Zara buscar a almofada,  tão miserável como confortável desculpa para beber mais um rum. Resta saber onde: na Cantina, no Antiquari, no Jaume? Um faz-me desconto, outro tem runs sublimes, outro  ainda nafa disso... Não sei.

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Estamos em dias de feira náutica e à habitual e inúmera quantidade de mulheres bonitas de Palma juntas-se a habitual e inúmera quantidade de mulheres bonitas dos boat shows. Sobretudo este, que é só de mega-iates para cima.

Um inferno, é o que é. 

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Há um exercício de malabarismo difícil mas que toda a gente devia conhecer: é o equilíbrio muito instável entre ser pobre e ser miserável. Aquele não tem nada de errado, este é um nojo desde a letra m até à letra l.

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Acabo no Atlantic, que de horrível só tem a música, a decoração e a barmaid (esta não tanto, mas enfim). É um clássico e por isso nunca cá ponho os cotos. Tem o Jaume de estar fechado e ser demasiado cedo para o Big Foot.

Um rum bebe-se depressa, os olhos fecham-se e a rapariga - magra, alta, espigada e loura, igual a cerca de quatro milhões de outras - mal se deixou ver.

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A única parte desagradável de uma viagem de avião ocorre entre a ida para o aeroporto de embarque e a saída do de desembarque. Antes disso e a partir daí é só prazer.

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Consegui finalmente comprar a BH ao Ivo. Dei-lhe a Órbita e um par de zeros. Ficámos os dois a ganhar. 

Gosto do Ivo. As suas actividades consistem em filosofar e reparar, alugar e vender bicicletas. Sob dois princípios de base: trabalhar o menos e o melhor possível, duas coisas geralmente antinómicas mas que ele concilia maravilhosamente. 

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Uma série de primeiras vezes: na parte alfandegada do aeroporto de Palma (felizmente o cartão de cidadão é suficiente), em Dublin, na Ryanair sem ser por razões profissionais (desta não estou seguro a cem por cento, mas não faz mal), primeiro voo na Aer Lingus (o voo está atrasado...)

Única surpresa: a dimensão desta área do aeroporto. Não é tão grande como a outra, mas é enorme.

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O restaurante onde dantes havia Warstein e wurst variadas acabou e foi substituído por uma merda sem nome que vende sandes de presunto manhoso e ovos estrelados com batatas fritas.

Acredito na entropia, mas bolas, não é preciso espetarem-me com ela a cada passo.

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A senhora do táxi que me trouxe ao aeroporto diz que vai votar Vox, por causa da gestão da pandemia. Há pelo menos um partido português que poderia pensar nisto, se não fosse tão tarde.


(Cont. - a sério?)

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