Vim à Feira do Livro para desanuviar. Comprei o livro do Alberto Gonçalves e vim lê-lo para as esplanadas no topo do parque. À minha frente Lisboa entorna-se no Tejo, como se escorresse pelo relvado. A sujidade no chão faz-me sentir na Nova Iorque que leio com delícia e espanto: nunca estive em Nova Iorque, nas sei que é aquilo que vou sentir quando lá for. Também o meu amor pela América teve intermediários - os livros primeiro, os filmes e as músicas depois - também eu tive a sensação, em S. Francisco e não em Nova Iorque de que chegara demasiado tarde mas que mais valia isso a não ter estado lá. Não posso dizer que o meu amor pela América acabou. Não acabou. Mudou de natureza.
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Ou eu ou o Blogger estamos a ageniar e em consequência disso o mundo - ou pelo menos a diminuta parte dele que lê o DV - perdeu um magnífico arrazoado sobre a nobreza do trabalho de empregado de mesa, um trabalho nobre quando feito profissional e dignamente, como era o caso de um senhor da Versailles que parecia o arquétipo do empregado de mesa. Já não o vejo lá há algum tempo e esse senhor foi agora substituído na minha afeição por um outro, africano. Não consigo reproduzir o esplendor do texto e por isso deixo aqui um simples e modesto apontamento. Afinal, não é todos os dias que vou duas vezes no mesmo dia àquela pastelaria (a segunda para ouvir dizer "a cozinha está fechada") e por isso acabei num italiano da Duque d'Ávila aonde normalmente não entraria, normalmente significando aqui "em condições normais".
O italiano não é grande espingarda mas é correcto, cumpre a sua função e é mil vezes menos deprimente do que o Galeto. Não sendo difícil - até um barraco de kebabs é mais alegre do que aquele buraco labiríntico e escuro - é de assinalar. Consegui portanto pré-ler os livros que comprei na Feira e vir para casa mais ou menos satisfeito. O que nas circunstâncias actuais é obra.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.