20.5.23

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 20-05-2023 / Cont.

Estas alterações climáticas é só arrelias. Hoje devia chover o dia todo e à uma da tarde apareceu uma alteração climática e desde aí nem uma gota de água. Antes pelo contrário: muito sol. Vá lá que o vento previsto se manteve e o frio também. A temperatura não há maneira de passar dos vinte e um vinte e dois graus, o que para esta época do ano aqui é insuportavelmente frio. Estou bastante satisfeito com a decisão de esportular mais de cinquenta paus - e menos de sessenta, apresso-me a esclarecer as mais curiosas - numa camisola da Napapijri. Além de bonita é quente e proporcionou-me um belo diálogo com a senhora que suponho seja a dona daquilo. Foi ela que me vendeu as bermudas todas que tenho e durante o confinamento estavam a metade do preço. É bonita (a senhora), italiana e chama-se Rossella, uma combinação que me a torna irresistível. Confirmou-me que é importante um homem ter bom gosto. Eu tenho. posso é não ter massa ou paciência ou, mais frequentemente, as duas juntas. Porém, com a ajuda eficaz e competente de Rossella lá consegui conciliar a frugalidade e o bom gosto que me caracterizam, juntamente com a falta de paciência para compras em geral e para compras na Zara em particular. A Napapijri é um refúgio, um porto de abrigo e naqueles raros momentos em que preciso de uma peça de roupa é lá que vou em primeiro lugar. Há sempre uma promoção à minha espera. A camisola, por exemplo, estava a metade do preço. Se isto não é uma oportunidade não sei o que é uma oportunidade. Vamos ver é como estará daqui a quinze anos (a camisola, não a Rossella).
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Há dias percebi a razão de me ter sido tão difícil encontrar quem me fosse reparar o frigorífico. Calhou passar à frente da Titan - a melhor empresa para tratar de frigoríficos e ares condicionados, tanto aqui como em St. Martin - e entrei. Estava o Keith, com quem já lidei vai para uns anos. Nem eu me lembrava dele nem ele de mim mas o diálogo estabeleceu-se depressa e foi elucidativo: «Não tenho um único homem disponível. Nem um. As peças que estavam encomendadas há um ano ou dois só começaram a chegar agora e sabes como é». Sei, claro que sei. Esta malta não pode sequer sonhar que o barco não tem ar condicionado ou que um dos quarenta frigoríficos e congeladores não está a funcionar, quanto mais passar um dia lá dentro. «Não tenho um único homem disponível.» As consequências da catastrófica gestão da Covid vão sentir-se durante muito tempo.

O Keith e eu concordámos que comer em restaurantes três vezes por dia é uma violência não só financeira e despedimo-nos. Felizmente a Ferdinautic já lá foi (deu-me péssimas notícias) e a Kohl Air (?) vai na terça ou na quarta, para uma segunda opinião barra orçamento. Não sigo à risca aquela norma das compras segundo a qual se deve ter sempre um número ímpar de propostas - já ter duas foi o cabo dos trabalhos, quanto mais três - mas vou fazendo o que posso e as circunstâncias permitem. É a chamada diferença entre teoria e prática, ou coisa que o valha.

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