3.6.23

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 03-06-2023

Cheguei àquilo que deve ser, para mim, o zénite do chauvinismo alheio: prefiro ouvir falar maiorquino a ouvir alemão. O maiorquino é uma língua em forma de dialecto a que falta aquilo que faz deste uma língua. A saber, um "exército e uma marinha" (a citação não é verbatim, é de memória).

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As senhoras não deviam deixar-se engordar assim, como esta senhora que agora saíu do Arabay, no Mercat de l'Olivar. Ainda por cima com uma marido elegante como o dela. Se ao menos fosse gordo poder-se-ia pensar numa vingança. Mas assim é uma desfeita, não há outra hipótese. 

(Fiquei a ganhar. Foi substituída por duas para as quais me sobram olhos e faltam palavras. Esta ilha não é para velhos atazanados. Os alemães estão mais do que perdoados. Venham às revoadas, desde que tragam alemoas.)

(A sacana levantou-se no preciso momento em que disparei. A posteridade fica sem um registo visual do que são "pernas até às orelhas", Helmut Newton dixit.)

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Vou voltar a ser armador. Não creio, porém, que seja daí que me vem esta dor de cabeça que até ao Tramadol resiste. Suponho que seja uma transferência, como vejo nos jornais a respeito dos futebolistas: a dor no ombro transferiu-se para a cabeça. E a vontade de ir beber copos transmutou-se em vontade de dormir. Amanhã mudo para o quarto, vá lá. Pelo menos estarei um pouco mais confortável.

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O livro para os Guides V. O. faz-se esperar. Se calhar também é daí, a dor de cabeça. Deve ser como aqueles rios que têm muitos afluentes, uma espécie de árvore de pernas para o ar, uma soma de dezenas de pequenas dores (mais duas ou três grandes). Não sei. Só sei que o meu index de palavras proíbidas juntou-se dor. Farto. Chega.

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