3.10.23

Digestão, hierbas secas

A insónia é voluntária. Não me apetece dormir, nem sair, nem fazer outra coisa do que a que faço: ler posts antigos (mais de dez anos e de Outubro) do DV. Apercebo-me - uma vez mais - de que o que escrevo precisa de envelhecer para ser potável. A "blogosfera" desapareceu e a Facebookosfera não a substituíu. Publicar o resto do blogue não é uma ideia nascida da vanidade ou da estultícia, sua irmã quase gémea. Apetece-me voltar a pôr política no DV. E ficção. Vou beber umas hierbas secas para digerir e esquecer tudo isto.

ADENDA: Acabo a ouvir as Vésperas de Rachmaninov enquanto bebo as hierbas e penso em tudo o que precisa de envelhecer para ser potável. Eu, por exemplo.

.........

«Quando o amor morrer

Quando o amor morrer dentro de ti, 
Caminha para o alto onde haja espaço, 
E com o silêncio outrora pressentido 
Molda em duas colunas os teus braços. 
Relembra a confusão dos pensamentos, 
E neles ateia o fogo adormecido 
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido 
Espalhou generoso aos quatro ventos. 
Aos que passarem dá-lhes o abrigo 
E o nocturno calor que se debruça 
Sobre as faces brilhantes de soluços. 
E se ninguém vier, ergue o sudário 
Que mil saudosas lágrimas velaram; 
Desfralda na tua alma o inventário 
Do templo onde a vida ora de bruços, 
A Deus e aos sonhos que gelaram.»

Ruy Cinatti

(08-10-2013)

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