A insónia é voluntária. Não me apetece dormir, nem sair, nem fazer outra coisa do que a que faço: ler posts antigos (mais de dez anos e de Outubro) do DV. Apercebo-me - uma vez mais - de que o que escrevo precisa de envelhecer para ser potável. A "blogosfera" desapareceu e a Facebookosfera não a substituíu. Publicar o resto do blogue não é uma ideia nascida da vanidade ou da estultícia, sua irmã quase gémea. Apetece-me voltar a pôr política no DV. E ficção. Vou beber umas hierbas secas para digerir e esquecer tudo isto.
ADENDA: Acabo a ouvir as Vésperas de Rachmaninov enquanto bebo as hierbas e penso em tudo o que precisa de envelhecer para ser potável. Eu, por exemplo.
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«Quando o amor morrer
Quando o amor morrer dentro de ti,
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços,
A Deus e aos sonhos que gelaram.»
Ruy Cinatti
(08-10-2013)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.