29.10.23

Não ateies fogos

Diz-me acesamente - incendeia-me, se quiseres com palavras a arder - a paisagem que  carrego atrás de mim* para onde quer que vá - deita achas para a fogueira - lembra-te: não ateies incêndios que não podes apagar - diz-me com palavras de fogo de que fogo sou feito. Não faço nada senão vadiar por essas planícies de que por vezes me falavas,  nas noites cálidas da Primavera que passámos juntos. Sim, deita achas para essa fogueira.  Não a deixes extinguir-se. Não ateies fogos que não podes alimentar. 

* - a ideia, um bocadinho distorcida, vem de Rilke.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.