9.1.24

As mãos, as palavras

Amanhã tenho de acordar às cinco da manhã para ir para o hospital. São dez da noite e não tenho um pingo de sono. Normalmente, escrever disparates acalma-me. É o que estive a fazer até agora, o que faço agora. Pensar em outras mãos também. Isto é: no conjunto delas com a minha pele, esta pele feita para ter outras mãos. Segundas mãos. Segundo as mãos, o corpo é um ou outro. Em segundo lugar, as mãos? Sim. Primeiro os olhos. Isto é, o olhar. Só depois as mãos, essas mãos que segundo o corpo vão decidir o caminho.

Amanhã o caminho está decidido: consulta pré-cirúrgica. As mãos, essas, estão indecisas. Serão como sempre as palavras a indicar-lhes o caminho. Todos os caminhos começam com palavras, todas as palavras começam com um olhar, todas as mãos. Sim, é um círculo. As mãos, as palavras, o caminho, a peĺe. Tudo devastam e tudo começam. Coroa entrançada em que o princípio é o fim e o meio é o princípio de novo. As mãos,  a pele, as palavras. De quem, para quem, umas e outras?

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