20.1.24

«O som e a fúria», a noite e a noite

«A noite estende o seu suave manto»... já li isto algures. O rum estende o seu suave manto... O rum não estende manto nenhum, ó sua besta. No fundo é da noite, deste jantar à beira-mar, desta noite que a música quase me fez dançar - ou melhor: fez, mas por pouco tempo - desta ideia de ficar a dormir aqui em vez de ir para o Z'Abricots, desta noite em que as dores são debeladas à custa de Tramadol e Paracetamol, desta noite que não quero falar. 

É importante não querer falar de qualquer coisa. Tanto como querer falar dessa mesma coisa, creio. O que é a fúria, na expressão «O som e a fúria»? Deve ser o silêncio, imagino. Mas o som, a palavra, podem ser igualmente «fúria». Equivalem-se, o som e o silêncio, o som e a fúria, o som e o caos. O silêncio e o caos. A noite espalha a sua mão protectora. A noite é uma chata, pá, ainda não percebeste? Não acaba, a porra da noite. Mesmo quando é de dia é de noite, não percebes? Até esta noite acabar não haverá dia.

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