1.2.24

O zen e a arte de adormecer

Não sou grande especialista do sono (nem de mais nada, mas isso para agora é irrelevante). Raramente tenho grandes insónias; às vezes acontece-me não querer dormir, o que obviamente é diferente de uma insónia. Adormeço com facilidade, acordo quatro ou cinco horas depois e volto a adormecer, se for preciso.

Mas descobri algo faz agora anos que me ajuda a prever se a noite vai ser de insónia ou não. É um processo semelhante àquele de quando éramos miúdos e na hora de regressar da praia era preciso esvaziar os colchões. Abríamos o pipo e deixávamos o ar escoar-se, regularmente, sem fazer pressão no colchão porque ninguém tinha pressa (com a possível excepção dos pais ou da Conceição, a criada de que tanto gostava que foi convidada para o meu casamento). Os colchões esvaziavam-se. E eu também, exactamente da mesma forma (com a diferença de que o pipo é metafórico, claro. Nada de ideias sujas, credo). 

Um gajo esvazia-se, ouve o ar a sair, sente-se cada vez mais vazio e só dá por ele quando acorda para ir à casa de banho. É um processo zen. É como respirar só para fora, mas o ar é substituído por um fluido qualquer que está nas células todas do corpo.

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