20.4.24

Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 20-04-2024

Despedida do Marin: Marin Mouillage, Mango, Kokoa e Liv. Ausente: Cayali. Talvez amanhã, que é dia de hipocrisia. 

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Cada vez me penso mais com sessenta e sete anos e não sessenta e seis. Como se quisesse fazer fast forward.

Quero.

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Começo a habituar-me à ideia de que há coisas que não farei. À cabeça: navegar o estreito de Magalhães e ver os meus netos adolescentes, ex-aequo. Algo me grita que tenho as prioridades amalgamadas.

Talvez o que me resta seja para as destrinçar.

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À imagem do conforto em conviver comigo, as bermudas Napapijri trinta e quatro começam a ficar-me largas. Muito pouco. Espero não chegar às trinta e dois. A ideia de que a minha elegância depende de uma injecção hebdomadária parece-me injusta. Devia ser consequência da minha força de vontade, da minha capacidade de contenção, tão reduzida.

Cada vez menor, de resto. Ao contrário do tal conforto.

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Muito menos confortável é a ideia de que vou para o mar sem cartas decentes. Talvez seja por isso que prefiro dizer que tenho sessenta e sete anos em vez de sessenta e seis. A idade é como manteiga no cu das asneiras.

(PS: continuo a insistir com a Raymarine para ter as minhas cartas no plotter. Nunca gostei de sodomia, qualquer que seja a asneira.)

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