30.5.24

Diário de Bordos - Aeroporto de Fort-de-France, Martinique, DOM-TOM França, 30-05-2024

As despedidas foram rápidas, como convém a pessoas habituadas a elas. Duas cervejas no Mango com o Stefan, almoço a bordo do T. com o respectivo proprietário e pai - que me me deram boleia para o aeroporto - mais o Ben e a Gab, adoráveis como sempre. Sesta rápida no poço do T., duche rápido no B. e aqui me eis no aeroporto de Fort-de-France com uma quantidade de dinheiro irrisória, uma descomunal quantidade de sono, quase três horas de espera e vinte mil perguntas em torno desta pobre cabeça, coitada. 

Deixei o S. D. a bordo do navio, final inglório de uma época nada diferente. Uma embarcação que estava «em condições, como nova, bem tratada» (aspas porque cito) revelou-se um poço de problemas. E não foi só por causa de mim ou das tempestades por que passei. A marca Jeanneau desceu mais um bocadinho na minha consideração, coisa que me parecia não impossível mas pelo menos difícil. Barcos para piqueniques de fim-de-semana, basicamente.

Tal como eu, que de tão desfeito física e emocionalmente me pergunto se dou para mais. Não posso sequer dizer que estou contente por ver este projecto longe. (Ainda não o está, para começar.) Estou meio contente e meio triste. Já não mereço cenas destas ao fim destes anos todos. Enfim, mais um degrau na curva de aprendizagem, que é uma escada interminável, como toda a gente sabe.

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Em breve estarei no «meu» P. Paradoxalmente parece-me a única coisa sólida nesta minha vida. Não que me faltem propostas de trabalho - tive uma ontem bastante atraente e outra hoje de madrugada menos atraente porque mais curta no tempo mas também interessante. Mas enquanto não tiver o P. a funcionar e a render não consigo olhar para mais nada. (Mentira. Consigo.)

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Não é o momento para tomar decisões. Uma das regras básicas da navegação em solitário é: gere o teu cansaço. Não tomes decisões se não estiveres em condições de o fazer. Antes pôr-te à capa, correr com o tempo ou parar num porto qualquer. Não é hora de decidir seja o que for.

Excepto, claro, que vou estar na festa da Ler por Aí. Se as linhas aéreas não decidirem outra coisa, lá estarei.

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Estou cheio de sono. Espero que ele se mantenha até ao avião.

(Cont.?)

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.