26.8.24

Diário de Bordos - Comboio para Cesenatico, Itália, 26-08-2024

O aeroporto de Eindhoven é daqueles que eu gosto: a coisa mais parecida com uma estação de comboios que um aeroporto pode ser. Um gajo está sentado no café e vê a cidade viver: carros a passar, famílias com carrinhos de bebé, uma furgoneta  da DHL (ou outra do género, não me lembro).

No walk-through - não tarda até os campos de aviação de aldeia terão um - repeti a façanha do Fahrenheit.  Eles chateiam-me com aquela porcaria toda e mil ziguezagues e eu vingo-me borrifando-me com Fahrenheit,  a única água de colónia que usei durante anos (em terra, claro. A bordo não há perfumes). Desta vez fi-lo em Palma e depois em Eindhoven. O último frasco disto que comprei ficou num aeroporto qualquer, creio que o de Lisboa. Era um frasco enorme comprado na free shop de Colón, o único que conheço digno desse nome. O frasco era grande, custou-me um terço do preço que pagaria normalmente, durou-me mais de um ano para acabar ingloriamente naqueles recipientes para onde os senhores dos filtros deitam o que não podemos levar na cabine. Ainda lhe implorei que ao menos ficasse ele com a porcaria da água de colónia, mas disse-me que não podia e deitou-o fora. Vá lá que já não tinha muito, mas aquilo magoou-me e nunca mais comprei. Agora rapino os walk through, quando me lembro (é raro, mas acontece. Às vezes até a dobrar).

Por falar em funcionários dos filtros de segurança dos aeroportos: hoje, ainda em Eindhoven, um deles felicitou-me pelo chapéu novo. "Your beautiful hat, Sir, etc." Gosto muito de ver as minhas opiniões partilhadas. Quem é que quer ser único ou original? Eu não. Só me pergunto até quando o chapéu será "novo"? Afinal, basta-me designar por Panamá o que comprei em Lisboa por um preço aberrante para os distinguir. Um Panamá e um chapéu. 

Que de resto vem a propósito porque Colón fica no Panamá, como toda a gente sabe. Isto anda tudo ligado e o mundo é um penico.

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Estou esfomeado e cheio de sono. Hoje ainda durmo num hotel. Só embarcamos amanhã, não sei porquê. Isto de ter italianos a organizar o que quer que seja traz-me sempre à memória a história do céu e do inferno. Um dia conto-a (outra vez).

Na verdade o que me apetecia mesmo era passar a noite em Bolonha, mas o raio do avião chegou à hora. Só se atrasam quando não devem.

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