20.8.24

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 20-08-2024 / II

O altifalante desapareceu, o rum Santa Teresa acabou, o computador faz ruídos esquisitos e a minha «inabilidade fatal» (Rimbaud, se por acaso), espremida por todos os lados, salta da garrafa como ketchup e suja tudo à minha volta. O altifalante é uma surpresa, claro. O rum não. É resultado da preguiça, da nonchalance, da negligência, de uma série de coisas que qualquer protestante (qualquer calvinista) consideraria um pecado. Poder-se-lhe-ia apontar que beber rum também é um pecado e portanto uma mão lava a outra. Ou coisa que o valha.

O dia foi bom, mau e assim-assim: não sei se se pode pedir muito mais.

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Ontem fui buscar o Libro mediterrâneo de los muertos, de María Ángeles Pérez López (credo, María, tantos acentos). Ofereci o primeiro exemplar que comprei ao A. C., mas este é daqueles que precisa de ser substituído. Atingi um nível qualquer de compras na Biblioteca de Babel. a) Não tive de pagar e b) ainda tenho treze euros de crédito. Para além destas boas notícias, o José Luís tem agora bom vermute.

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La tumba no es el mar sino el langaje.
Si somos creaturas del océano, si el água no conoce límite o frontera o edicto suficiente para expulsar a nadie, si no hay orilla o branquias suficientes que arrojen la placenta en la que fuímos, ¿en qué momento nos volvemos terra? ¿En el momento mismo de morir? ¿Por eso diremos enterrar, aunque se hable de enterrar en el agua, del mar como una losa transparente?

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Adenda
O ruído não vem do computador. Vem da ventoinha. Salto quântico na esperança, essa maldita que não me larga.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.