21.8.24

Divagações, pieguices

A liberdade e o amor são duas coisas absolutamente contraditórias e contudo balizavam-lhe a existência. Oscilava de uma para outra como um "bêbedo num coro de meia-noite". Por isso, quando olhava para trás o caminho lhe parecia tão sinuoso.

"Não percebo", dizia-se muitas vezes. "A liberdade e o amor são duas prisões. A minha vida deveria ter sido rectilínea como o voo da flecha em direcção ao alvo."

"E não foi", concluía. Na verdade, fora um caminho que ele percorrera sozinho, mesmo quando acompanhado. "O único amor verdadeiro é o que permite a solidão. Tal como a solidão verdadeira é a que aceita o amor."

"Não há liberdade", repetia-se sem parar. "Há liberdades. Liberdade é poderes escolher as tuas prisões. Escolheste essas duas e misturaste-as com outras. Amaste e foste amado.  Nunca deixaste de estar só e nunca deixaste de ser livre. Escolheste as melhores prisões que a vida tem."

"Escolhi? Ou foram elas que me escolheram?"

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