Deixa que os dias passem por ti como estas nuvens que agora ocultam o Sol e logo o destapam: sem deixar marcas. É esse o dia ideal: não aprendeste nada e nada esqueceste. Não tocaste e não foste tocado. Da tua passagem pela Terra nada sofreu. Nem tu, sequer: sais intacto como as nuvens que taparam o Sol e logo o destaparam.
Estende-te por essa cidade fora, navega esse mar - é todo o mesmo, é só um. Limita-se a mudar de nome como a luz muda - ama essa mulher que um dia construíste na tua cabeça e se calhar nunca viste nem muito menos tocaste. [Já.]
Escreve, lê, fotografa, bebe, navega, ama: talvez haja outras formas de viver no mundo, mas quem se importa com isso? Calharam-te estas, foi o que a rifa te deu. Isso, um chapéu bonito, uma bicicleta, dois filhos, netos... Os dias passam como nuvens e neles - deles? - ficam estas marcas.
Neles?
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.