O quiosque Alaska é uma instituição em Palma. Já esteve para ser deitado abaixo várias vezes, seja por ser um ponto de encontro da rataria urbana de Palma, seja por «remodelações urbanísticas». Rataria poderia entender-se na sua forma literal, de fauna ou de uma maneira mais metafórica, por assim dizer. Seria injusto. O kiosko Alaska recebia a boémia, os marginais, a burguesia do centro da cidade. Agora aburguesou-se e turistificou-se mas continua basicamente o mesmo: hambúrgueres medianos (suficiente), cachorros quentes ligeiramente melhores (suficiente mais), batatas fritas (não sei, nunca provei), cerveja - uma das melhores imperiais da cidade - e o sítio ideal para ver Palma passar por nós.
Não sou frequentador muito assíduo - ao lado está a bodega Bellver para o aperitivo do fim do dia e a meio dele estou mais para os lados do Olivar - mas de vez em quando lá me lembro. Ou as circunstâncias encarregam-se de mo trazer à memória, como agora.
«As circunstâncias» sendo a falta de um ficheiro, um, que tinha no computador e para a salvaguarda do qual acreditava na Dropbox - ainda não perdi a esperança, mas a verdade é que não está a ser o processo trigo limpo farinha Amparo que esperava - e a da máquina fotográfica, que andava sempre comigo, sobretudo em dias de luz prometedora como são estes.
Em troca, uma arma contra as circunstâncias, comprei chocolates - Lindor, o melhor chocolate de leite do mundo, na minha humilde mas irrefutável opinião - e Milka Original, uma das formas de uma canção muito conhecida chamada Ó tempo volta para trás. Acompanho-os com rum Santa Teresa e um disco de Stan Getz e Bill Evans chamado - apropriadamente - But Beautiful. O título é um fragmento de uma longa frase que inclui it can't be but beautiful. E fui ao Alaska. Não há circunstâncias que resistam a tão massiva investida.
Do Outono só detesto a chuva, mas como isso não tem muita solução evito dar-lhe pela presença. De qualquer forma, enquanto não tiver os seguros a andar e o problema do ficheiro resolvido não preciso de sair de bordo. Não preciso?
Não posso.
Palma mudou bastante, claro, desde que aqui cheguei pela primeira vez em dois mil e doze. Penso nisso muitas vezes, em todos os lugares que eu adorava e acabaram ou mudaram: o Ca na Chinchilla, o Divino, o Abracadabra e depois vem a pergunta fatal: se tivesses chegado hoje, ainda amarias Palma como amas? Sim.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.