7.12.24

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 07-12-2024

O badanal que estava previsto entrou mais tarde do que as previsões previam mas entrou com a mesma força. Perdi o chapéu de vento, ia caindo da bicicleta, o P. chia por todos os lados, mudei defensas de sítio, o frasco com sabonete que a A. aqui deixou entornou-se e foi pelo cano (vá lá, ao menos isso) e eu pergunto-me a) se vou dormir esta noite e b) se sim, como?

A corrente de terra foi-se abaixo mas um dos vizinhos ensinou-me aonde a repor e tenho aquecimento. O P. dança tão desajeitadamente como eu. A chinfrineira na marina é enorme. E eu só penso que prefiro estar aqui a estar no mar. Paras estes dias a minha Mãe tinha uma oração especial cujo texto infelizmente esqueci. Duvido muito que a rezasse se me lembrasse, mas de que a apreciaria não tenho dúvidas. O lugar é para barcos maiores e os cabos dos mortos são demasiado grandes. Hoje pus o motor a ré a toda a força e a coisa aguentou-se, mas agora as defensas que pus no painel da popa trabalham. São quatro, espero que nenhum rebente. E que se aguentem, o pior vem amanhã. [Parece que não, afinal. Vai acalmar a partir das oito ou nove.]

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Dois gajos no princípio do pontão têm os mastros alinhados. Fico sempre na dúvida sobre o que fazer mas a minha irremediável propensão pedagógica acaba por ganhar. Disse-lhes que deviam desalinhar os paus. É uma coisa básica, porra. É o b do abc: não amarres ao lado de um gajo com os mastros alinhados porque se entra badanal eles podem tocar. Encolheram os ombros. Eu não. Acho que fiz o que devia fazer, mesmo que eles pensem que estou a meter-me aonde não sou chamado.

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Vou deitar-me. Dormir é outra coisa. Tenho sorte: não enjoo e as baterias recuperam depressa. Meia hora de sono e ei-las prontas. A noite vai ser assim: uma sucessão de meias horas.

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