30.5.25

Diário de Bordos - Horta, Faial, Açores, 30-05-2025

O país é outro, a rotina a mesma: acordar cedo, sair de bordo para vir tomar o pequeno-almoço, fazer o relatório para o proprietário e planear o dia. Se sobrar espaço nas sinapses, escrever meia dúzia de disparates; se não, queixar-me do frio, insuportável. Tenho a roupa toda na lavandaria e a melhor definição de frio que conheço é «não estar suficientemente vestido». A carcaça aproveita e manifesta-se. Esmifra-se toda, como aqueles biscoitos muito secos e óptimos que a minha avó Filipa fazia, pareciam - e chamavam-se - areias, eram uma maravilha. Não sei se poderei dizer o mesmo deste corpo, começa a sobrar-me pele, arrefece como se não houvesse lã, está pouco cooperante seja o que for que lhe peça para fazer.

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O MADRIGAL VI continua a fazer das suas e agora é o motor de EB que resolveu deixar de pegar. Enfim, não sei se é o bote se é a falta de manutenção, tanta que dói. O molinete eléctrico não deve ter visto lubrificação nos últimos cinco anos, diz-me J. S. o técnico / mecânico / electricista / tudo que a Mid Atlantic me enviou. Tinha o número de telefone dele na memória do meu google, sinal de que já o tinha contactado numa prévia passagem por aqui. O homem é bom e sinto o prazer de cada vez que vejo alguém trabalhar bem. Infelizmente, esse prazer prolongar-se-á porque ainda há muito que fazer. Repitam comigo: reparar uma embarcação é mais caro do que mantê-la. 

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Resumo: tenho de ir cortar o cabelo e comprar roupa, duas coisas que abomino. E à farmácia. Três. A realidade não liga nenhuma às coisas que gosto ou não gosto de fazer. 

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