É só meio dia, eu sei. Mas um gajo sai cansado, mesmo sendo o trabalho bastante menos do que num veleiro. E menos do que o de um dia inteiro, claro, apesar de não ter a certeza de que seja metade. O salário de meia dia tão pouco é metade do de um dia, aliás. É sessenta e quatro vírgula três por cento, o que explica a minha preferência por dois meios dias. Se pudesse fazer três fá-los-ia, olaré. Ou quatro ou cinco ou seis.
Infelizmente, o trabalho é como tudo o resto: não basta querer. Ter vontade de trabalhar é condição necessária mas não suficiente.
Esses palermas que andam por aí a apregoar que "basta querer" referem-se de certeza às palermices que dizem: querer dizê-las é condição necessária e suficiente.
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Aliás, pode aplicar-se a mesma grelha a "não querer", claramente insuficiente para não ter qualquer coisa que não se quer ter.
Eu por exemplo não quero vir de táxi de Porto Adriano para Palma depois destes trabalhos. Venho porque ainda quero menos esperar meia hora pelo autocarro e depois fazer numa hora um trajecto que de táxi faço em vinte minutos.
Talvez não fosse má ideia abrir uma competição entre "não quereres".
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Pedro Tamen:
Não tenho casa (mentira. Obrigado L.) nem assento. Tenho mar e vento.
"O mar é longe, mas somos nós o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
Donde estás, que névoa me perturba
mais que não ver os olhos da manhã
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar."
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.