Será bipolaridade? Não sei. Será mesmo que em terra sou um e outro no mar? Em terra também fecho as tampas dos detergentes, ponho as facas bicudas com a ponta para baixo (já não se cortam as pontas às facas pontiagudas há muito tempo), não desperdiço água doce nem electricidade, não fecho nada à chave e deixo tudo por todo o lado - num barco nunca nada se perde, excepto o que cai à água e não flutua, como telefones portáteis e computadores (sobre isto, cf. infra). Por outro lado, em terra sou menos atento, menos rigoroso, menos alerta. Não sei.
Sei que neste estado de meio charter meio à espera não me sinto nem em terra nem no mar e que se calhar é por isso que esta actividade me chateia tanto, nos intervalos de me proporcionar momentos soberbos. Vá lá que estou em Palma. Isto é, em casa. Sem livros, mas em casa. Eles lá estão na casa deles. Sem língua portuguesa, mas em casa - eu trato de a falar e escrever e não a deixo fugir de mim.
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Há uns anos - quantos? Parecem tão poucos - descobri as farmácias e o poder mirífico que têm sobre a nossa vida. Os medicamentos são mais poderosos e mais eficazes do que «isto há-de passar» ou «a carcaça que se amanhe, é para isso que lhe dou de comer e beber». Hoje, por exemplo, fui à farmácia por causa de um golpe que dei num dedo ontem e que, naturalmente, infectou. Três aplicações de Betadine e Cuatrocrem e a infecção está em vias de se desvanecer. Ao contrário do que muitos de nós pensamos, o sistema imunitário pode, deve e merece ser ajudado.
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PS - Escrevi isto no bar Guindilla, um bar que tem as vantagens de ser bonito e ter boa música e as desvantagens de ser demasiado caro e só abrir de quinta a sábado. Um bocadinho como a piada do Allen: «a comida é má e as porções são pequenas». Ao chegar apercebi-me de que não tinha o telefone e pensei que o tinha deixado em casa. Mas a inquietação não me deixou, fui a casa e nada. Resumindo: o telefone estava no chão do bar e foi encontrado pela jovem empregada por causa de uma coisa chamada Find My Device, de que me tornei adepto, céptico e adepto outra vez.
Manda a justiça que se diga: o cepticismo veio-me de quando me roubaram a mochila o Find My Device dizer-me aonde estava e a polícia me explicar que não podia fazer nada para a recuperar sem um mandado de um juiz, de cujo ainda espero. (Também espero que se um dia jogar ao totómilhões ganhe os dois primeiros prémios porque quando jogo faço-o a dobrar.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.