31.7.25

Palma, desespero e outras incongruências

Bodega Can Rigo; Morey; Bodega Bellver; Gustar; Café Verde; Otaku; 7 Machos; Fornet de la Soca; Claudio; ... Não sei. Podia continuar até quase ao infinito e isto sem incluir os que despareceram: Antiquari, Ca na Chinchilla, Ca la Seu, Sa Sifoneria... Tudo isto espremido é a essência de Palma. Palma essencial, por assim dizer. Acrescente-se-lhes a catedral, o Jardin de la Reina, a Plaza Mayor, o bar Rita - não é um bar, é um monumento - o jardim de la Feixina; acrescente-se-lhes a luz. A luz. As ruas. A maneira que esta cidade tem de absorver o desespero, a dúvida. Acho que é isso que a singulariza, pelo menos a mim. Não há desespero que resista a um gelado no Claudio ou a rum no Jaime. Não há desespero que resista a estas ruas. Por grande e fundamentado que seja. A cidade entra-nos pela boca, pelo nariz, pelos olhos e pelos poros, que a absorvem, ansiosos e desesperados. Palma é uma droga. É o único sítio do mundo que conheço aonde o desespero é ridículo. Isto é: torna-se ridículo ao fim de quinze minutos de caminhada (ou pedalada). Palma transforma o desespero naquilo que ele é realmente: uma farsa. «Sobrevivemos-lhe», como diz Cioran, o lúcido. A vantagem de Palma é que a sobrevivência vem logo a seguir, não tarda um fósforo. Passeia-se por estas ruas, janta no Gustar, bebe um copo no Jaime, vai comer um gelado ao Claudio, vai ao Cliff ou ao mais anónimo dos cafés, ao mais banal dos bares.

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Qual é o contrário de desespero? Espero não é com certeza.

É família, essa família de quem hoje me despedi como se me tivesse despedido do desespero que me abandonou quando ela chegou.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.