Chego de Lisboa e vou directamente para o Napoli. O pretexto é a fome, claro; fraco pretexto. A verdade é que preciso de noite, mas de noite a sério, não a do 7 Machos - que de qualquer forma estaria fechado quando lá chegasse - ou a do Nova Lisboa. A noite não é essa. É a dos empregados de restaurante que acabaram de trabalhar e não querem cozinhar, a dos vendedores de peças «artesanais» do Senegal - a quem compro um hipopótamo giro porque o homem é adorável, chama-se Mamadou Mayé - a das senhoras que precisam de um homem para lhes aconchegar as abundantes mamas e bebem tequila para sinalizar a virtude, a dos chauffeurs de táxi entre dois serviços. Não que esta noite seja mais verdadeira do que a da burguesia ou a da intelectualidade. Não há verdades nisto. É simplesmente que era desta que estava a precisar e como já não ia ao Napoli há muito tempo foi lá que o táxi me deixou e ali comi um hamburguer com bacon e ovo, bebi um tinto e arrematei com um café e umas hierbas secas. conheci o Diego e o Mamadou. A senhora rumou directamente a outro gajo, vá lá saber-se porquê (não que me zangue, note-se. Antes pelo contrário.)
No avião de Lisboa para Palma:
O homem que se sentou na minha fila é grande e tem uma barba grande também. Faz-me lembrar aquela personagem do Popeye, a sua nemésis. Usei barba durante vinte anos ou mais. Hoje detesto ver um tipo com «pelo facial», (aspas porque cito) e pergunto-me como é que eu conseguia seduzir senhoras nesse tempo. Qualquer barba é feia, não apenas estas cujo lugar não é numa cara e muito menos num homem.
A citação acima
vem de um anúncio que li há muitos anos e nunca mais esqueci. Foi muito antes
desta moda se divulgar. Uma senhora num desses sítios de encontros procurava um
homem «sem pelo facial». Hoje teria dificuldade em encontrar – mais uma coisa
que me faz detestar as barbas: não gosto de modas. Não há modas bonitas, como muito bem se confirma quando olhamos para fotografias antigas.
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