25.9.25

Diário de Bordos - Palermo, Sicília, Itália, 25-09-2025

Se as cidades falassem teriam um sotaque. Palermo tem um, é impossível não nos apercebermos dele mal se deixa a autoestrada que nos traz do aeroporto. Uma vez no centro esse sotaque torna-se claramente perceptível. É feito de confusão, de prédios primeiro horríveis (na "cidade nova", aspas porque cito) e depois lindos, de ruas sujas e de pessoas acolhedoras.

A primeira vez que aqui estive foi de passagem. Esta também será, mas menos meteórica. 

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O almoço tendo sido frugal (menos no preço, claro, o aeroporto de Genebra não é conhecido por ser barato), mal cheguei ao hotel deixei o saco, o tablet a sincronizar fotografias (não perguntem, não me dou bem com o ridículo) e vim beber uma cerveja ao café Spinnato, por sugestão da senhora do hotel.

O café é uma espécie de pastelaria Suíça dos velhos tempos; ou de pastelaria Colombo, de ainda mais antigamente. Apesar disso e contrariamente ao habitual venho para a esplanada, que não tem automóveis a passar à frente e tem senhoras velhinhas, bem vestidas e a fumar mesmo a meu barlavento. Levo com o fumo todo mas não me importo. Quem é que gosta de lugares assépticos? Eu não. 

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O fim da pastelaria Colombo foi o meu primeiro terramoto metafórico e lisboeta. Tudo muda, tudo se transforma e não necessariamente para melhor.

Penso todavia que a maioria das mudanças melhoram o que está. Se não fosse assim, hoje não estaríamos melhor do que estávamos há cem anos. 

Enfim, tem que se olhar para estas mudanças ponto a ponto. A pastelaria Colombo foi substituída por um terrível vazio, que até hoje me asfixia. As duas senhoras burguesas e o senhor da mesa ao lado serão substituídas por quê, por quem?

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Em Genebra, a Easyjet substituíu as senhoras (raramente eram senhores) por máquinas. Agora são os passageiros que despacham as suas bagagens. É daquelas mudanças que acho irritantes, mas pouco mais do que isso. O que me arrelia é que com uma máquina não se pode pedir um quilo ou dois a mais.

Está na altura de começar a exigir das companhias aéreas que nos reembolsem quando pagamos mais quilos do que os que levamos.

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