3.6.21

Abismo, gravidade, amor

Deixa-me explicar-te: amar é um risco. Só um imbecil se entrega ao amor como se mergulhasse em água de que desconhece a profundidade, sem ao menos pôr os braços à frente. Como se mergulhasse de cabeça com os braços ao longo do corpo, soldadinho de chumbo atirando-se para as chamas do fundidor. Nada disso. Amar-te é um risco porque amar é um risco mas ser amado por ti é um risco ainda maior. 

Não te esqueças: o metalúrgico está lá em baixo, a nossa espera. À espera do primeiro que caia. Mergulhemos sim, mas com precauções: passo a passo. Mais vale cair devagar no abismo, minha querida.

Verdade seja dita: não temos escolha, pois não? Conheces algum abismo que resista à gravidade? Eu não. 

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.