16.3.22

Diário de Bordos - Lisboa, 16-03-2022

O DV tem andado MM: meio morto. Ou MMQV. Mortiço. Os tempos não estão para escritas. Não estão para nada, de resto. Deixámos de depender da Câmara Municipal de Oeiras para depender de uma pessoa, a travessia parece estar a ser gerida por um bando de amadores («parece» é generosidade), o raio do Putin continua a não perceber que já perdeu a guerra - é típico dos ditadores: só percebem as coisas quando lhas explicam com uma arma apontada à cabeça. Boa notícia só há uma: sou avô de um neto que ainda agora acabou de nascer e já tem ar de ser um puto porreiro. Que chova em breve, para poder ir confirmar de visu. Uma vida sem novidades é como uma vida sem qualidades. Esperar é asfixiante.

Ou pelo menos esperar sem prazo. Quando tenho que esperar pela maré não me chateio nada: sei a que horas terminará a espera. Quando espero pelo vento tão pouco me exaspero. Na verdade, talvez não seja a espera que me põe neste estado de quase catatonia. É esta sensação de impotência, de dependência da palavra ou falta dela, da competência ou falta dela, da integridade ou falta dela de terceiros.

E há outra boa notícia: estou de novo na locomotiva de uma ideia que espero se venha a confirmar (passe a redundância. Se não esperasse não estaria sequer no comboio). Energia anímica. Ainda não estou morto. Estou meio-vivo, só. Espero que a ressurreição seja completa e não se fique pela metade que falta. 

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