O Sa Ronda é um daqueles restaurantes aos quais chamo "resistentes". Estão em zonas da moda mas não vendem pokes-wokes-yokes, fusion-gourmet-brunch, etc. Venho aqui muito de vez em quando porque está sempre cheio - suponho que enche quando abre as portas e só fica vazio quando as fecha. Gosto dos mexilhões e do sorriso da empregada, uma espécie de sorriso com pernas e com um nariz à Cleópatra do Astérix. O dono é maiorquino, aposto e a casa fica pertinho do clube. Para cima pedalo, para baixo deixo-me levar embalado no vinho branco, nas hierbas secas e no supra-mencionado sorriso. De vez em quando lá aparece um estrangeiro, mas a língua que se ouve é o espanhol (as empregadas não falam o dialecto local, claro).
O meu eco-sistema palmitano levou alguns anos a construir, mas agora está consolidado.
Ou seja: está na hora de me ir embora. Não nos devemos atardar lá aonde os nossos trajectos não têm dúvidas.
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Acordo da sesta mais cansado do que antes dela. Sinal seguro de uma de três coisas:
a) A sesta foi demasiado longa;
b) Foi demasiado curta;
c) Foi da duração habitual e o cansaço não tem nada a ver com a duração da sesta.
Intuitivamente opto pela c) e tento atribuir o cansaço pós-sesteada a causas externas. Por exemplo, o meu cansaço generalizado. Nada funciona. Limito-me a pedalar vagarosa e pesadamente, a sonhar com regressar já ao camarote e a resistir a essa tentação porque não quero acordar às duas da manhã. Em Quelimane houve um ano em que saí de casa às cinco da madrugada (ali já o Sol nascia) para ir para as festas de Carnaval, que então se prolongavam até às seis ou sete. Porém aqui não há grande coisa aberta de madrugada e se houvesse faltar-me-iam cinquenta e dois anos a menos...
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Saí de bordo sabendo que tinha de fazer trajectos curtos. A minha bicicleta é de peso variável: às vezes pesa duas toneladas, outras é ligeira como alguns risos. Hoje está nos dias pesados: parei no Enco para um afogatto, fui ao Jardim da Rainha, aonde já não entrava há alguns anos e acabo finalmente no Al Punt, refúgio das tardes de domingo. Infelizmente o ar condicionado está fracote - o que se compreende porque a sala está vazia. Volta, Chinchilla. A falta que nos fazes (também fechava aos domingos, mas isto não é um texto do realismo italiano dos anos sessenta).
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.