19.4.07

As bibliotecas, o tempo e a memória

Ia deitar-me; qualquer coisa me fez voltar atrás. Resolvo procurar um dos meus "livros da vida" e apercebo-me que já não o tenho. Mais um buraco no tempo, e na estante. Chama-se "Mistérios", é de Knut Hamsun, e é a história de um "estrangeiro" numa pequena vila de província na Noruega.

Choca-me ter perdido esse livro. E aos poucos vou-me lembrando que faltam centenas de outros. Qué vaya!, alguns voltarão, outros não. Fico-me com um poema de Borges - de quem mais falar, quando se quer falar do tempo, da memória, do que somos e fomos?

El Hacedor

"Somos el rio que invocaste, Heráclito.
Somos el tiempo. Su intangible curso
Acarrea leones y montañas.
Llorado amor, ceniza del deleite,
Insidiosa esperanza interminable,
Vastos nombres de imperios que son polvo,
Hexámetros del griego y del romano.
(...)



La Tarde

"Las tardes que serán y las que han sido
son una sola, inconcebiblemente.
Son un claro cristal, solo y doliente,
inaccesible al tiempo y a su olvido.
(...)~
La tarde elemental ronda la casa.
La de ayer, la de hoy, la que no pasa."




(In Jorge Luis Borges, Obras Completas, ed. Emecé, Barcelona 1989, 3º vol.)

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