4.9.07

Histórias fictícias

Durante um certo tempo troquei correspondência com uma jovem e, descobri depois, bonita senhora. Muito rapidamente, contudo, ela descobriu quem eu na realidade sou, e afastou-se, educada mas firme e decididamente.

Hoje, anos depois, descubro por acaso que, das poucas óperas que conheço, a única de que realmente não gosto é a preferida dela. Já gostei, devo dizer, e muito - a tal ponto que até a fui ver em Berlim, um dia, estava lá em trabalho; foi quando decidi que não gostava, e adormeci apesar do maestro e da orquestra e da mise-en-scène e de todo o razzmatazz à volta da exibição.

Terá ela sido perspicaz, e o facto de eu não gostar dessa ópera não ser senão um sinal das minhas insuficiências todas? Foi coincidência? Uma sorte (ou um azar, vá saber-se)? Hoje procurei o disco na minha discoteca; mas já não o tenho, deve ter ficado numa das mudanças e andanças de que estou tão cansado, e que tanto contribuiram para me desfazer dos livros e dos discos e de tudo o que tinha. Vou comprá-lo: mas é pouco provável que volte a gostar da obra.

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